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O livro em questão baseou-se na tese de Doutorado de Lúcia defendida na USP, em 1983, que realizou estudo experimental para demonstrar que mães de crianças com deficiência poderiam ser orientadas em treino domiciliar, de forma a acelerar o desenvolvimento dos filhos (na ocasião, Ana Lúcia R. Aiello atuou como assistente de pesquisa). A intervenção baseou-se no Guia Portage de Educação Pré-escolar desenvolvido nos Estados Unidos, na cidade de Portage, Wisconsin, cujos autores originais foram Bluma, Shearer, Frohman & Hilliard, 1978.

O Guia Portage consiste em uma listagem de 580 comportamentos de crianças de 0 a 6 anos para as áreas de Desenvolvimento Motor, Linguagem, Cognição, Socialização, Autocuidados e uma área específica para bebês de 0-4 meses denominada de Estimulação Infantil.

O Inventário Portage (IPO) era utilizado até então apenas para o ensino dessas habilidades. Nossa contribuição foi transformá-lo em um instrumento de avaliação para detectar em que etapa a criança se encontra e planejar as devidas intervenções necessárias. Para fazer isso, revimos todas as escalas de Desenvolvimento existentes e a literatura infantil e propusemos, para cada um dos 580 comportamentos listados, 4 componentes: a) a Definição do comportamento esperado; b) as Condições que o avaliador dever propor (ex. que instruções dar); c) o Material necessário (brinquedos etc.); e d) Critério de exigência para considerar o comportamento como tendo sido alcançado, possibilitando assim uma avaliação fidedigna do desenvolvimento infantil.

Tal instrumento denominado Inventário Portage Operacionalizado (IPO) é amplamente utilizado no Brasil. Por exemplo, em tal revisão analisamos 42 estudos publicados em revistas científicas brasileiras (sem levar em conta teses, dissertações, capítulos de livros etc.) envolvendo 1.000 crianças com 19 síndromes diferentes e 7 condições de risco distintas (como, por exemplo, viver em condições de pobreza, contaminação por chumbo, mães adolescentes etc.). Adicionalmente, constatamos que tais estudos foram realizados do Norte ao Sul do Brasil, por profissionais e pesquisadores diferenciados de áreas como Psicologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Educação Especial, Fonoaudiologia.

 

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